Répteis - Stenocercus dumerilii
AVALIAÇÃO DO RISCO DE EXTINÇÃO DE Stenocercus dumerilii (Steindachner, 1867), NO BRASIL
Guarino Rinaldi Colli1, Jéssica Fenker Antunes 2, Leonardo Gonçalves Tedeschi1, Yeda Soares de Lucena Bataus3, Vívian Mara Uhlig3, Adriano Lima Silveira4, Cristiano de Campos Nogueira5, Diva Maria Borges-Nojosa6, Gabriel Corrêa Costa7, Geraldo Jorge Barbosa de Moura8, Gisele Regina Winck9, Juliana Rodrigues dos Santos Silva10, Laura Verrastro Vinas11, Marco Antônio Ribeiro Júnior12, Marinus Steven Hoogmoed12, Moacir Santos Tinoco13, Patrícia Almeida dos Santos9, Rafael Martins Valadão3, Roberto Baptista de Oliveira14, Teresa Cristina Sauer de Avila Pires12, Vanda Lúcia Ferreira15 e Vanderlaine Amaral de Menezes9. 1. Universidade de Brasília - UnB 2. Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios - Bolsista/RAN/ICMBio 3. Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios - RAN/ICMBio 4. Museu Nacional – MN/UFRJ 5. Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo - MZUSP 6. Universidade Federal do Ceará - UFC 7. Universidade Federal do Rio Grande do Norte- UFRN 8. Universidade Federal Rural de Pernambuco-UFRPE 9. Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ 10. Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios - FEMPTEC/RAN/ICMBio 11. Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 12. Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG 13. Universidade Catolica do Salvador - UCSAL 14. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS 15. Universidade Federal do Mato Grosso do Sul - UFMS |
Colli, G. R.; Fenker, J. A.;Tedeschi, L. G;Bataus, Y. S. L; Uhlig, V. M.;Silveira ![]() |
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Elaboração: Leonardo Tedeschi (UnB) e Uhlig, M.V. (NGeo/RAN/ICMBio), 2013 |
Ordem: Squamata Família: Tropiduridae. Nomes comuns: Desconhecidos. Sinonímias: Ophryoessoides Dumerilii, Liocephalus dumerilii, Leiocephalus dumerilii, Ophryoessoides dumerilii, Ophryoessoides tricristatus e Stenocercus tricristatus (Uetz, 2013). Notas taxonômicas: Não há. Justificativa: Stenocercus dumerilii é endêmica do Brasil. Ocorre nos estados do Pará e Maranhão, no extremo leste da Amazônia, a leste do rio Tocantins. Supõe-se que sua distribuição esteja relacionada a manchas isoladas de florestas semi-abertas, atualmente sendo encontrada também em fragmentos de florestas secundárias. Nas últimas décadas, esses ambientes vêm perdendo espaço para agriculturas perenes, pastagens, crescimento urbano e, no Maranhão, também para plantações de eucalipto, assentamentos agrários e os impactos da expansão da Estrada de Ferro Carajás. Desse modo, S. dumerilii está sob forte pressão antrópica em toda sua extensão de ocorrência, levando à diminuição de seu hábitat em pelo menos 39% entre 2008 e 2011. Considerando o período de 10 anos, que se estima ser maior que o período de três gerações para a espécie, e suas especificidades ecológicas, infere-se que a redução de seu hábitat seja equivalente à redução da população (maior que 30%), sendo que as causas não cessaram (A2c), Por essas razões, Stenocercus dumerilii foi categorizada como Vulnerável (VU) pelo critério A2c. Internacional: Não há. Estaduais: Na lista vermelha do estado do Pará a espécie foi avaliada como Em perigo (EN) A2,3 (Prudente et al., 2009) |
Stenocercus dumerilii é endêmica do Brasil. Ocorre nos estados do Pará e Maranhão, no extremo leste da Amazônia, a leste do rio Tocantins (Nogueira & Rodrigues, 2006; Torres-Carvajal, 2005; 2007). Sua extensão de ocorrência é de 217.935,4 km2, calculada via mínimo polígono convexo a partir dos pontos de registro. |
Não há informações disponíveis sobre abundância para esta espécie. Infere-se que a redução de seu hábitat seja equivalente à redução da população. |
Lagarto terrícola e semi-arborícola, de coloração e comportamento crípticos (Cunha, 1981; Avila-Pires, 1995; Ruz, 2004). Atinge comprimento rostro-cloacal máximo de 104 mm em machos e 112 mm em fêmeas (Ruz, 2004). Se alimenta de Arachnidae, Chilopoda, Coleoptera (adultos e larvas), Diplopoda, Hemiptera, Hymenoptera, larvas de Lepidoptera e Orthoptera (Cunha, 1981; Avila-Pires, 1995; Torres-Carvajal, 2007). Fêmeas coletadas entre Janeiro e Junho apresentaram de 2 a 6 ovos no oviduto (Avila-Pires, 1995; Torres-Carvajal, 2007). Habita florestas secundárias, e está possivelmente relacionada a manchas isoladas de florestas semi-abertas (Nogueira & Rodrigues, 2006). Considera-se que três gerações da espécie sejam menores que 10 anos. |
Nas ultimas décadas, mesmo as áreas de capoeira alta (floresta secundária) vêm perdendo espaço para agriculturas perenes como cacau, pimenta do reino, milho e mandioca, além também para áreas de pastagens, levando ao desmatamento total da cobertura original dessas áreas (Ruz, 2004). No nordeste paraense está havendo também um grande crescimento urbano, possivelmente avançando em áreas onde a espécie ocorria. No Maranhão, os remanescentes florestais onde a espécie foi registrada encontram-se cercados por plantação de Eucalipus (espécie exótica) e pastagens, e sofrem impactos pela influência da expansão da Estrada de Ferro Carajás e assentamentos agrários. A espécie está sob forte pressão antrópica em toda sua extensão de ocorrência, levando à diminuição de seu hábitat em pelo menos 39% entre 2008 e 2011 (Prudente et al., 2009), sendo que as causas não cessaram. Considerando o período de 10 anos, que se estima ser maior que o período de três gerações para a espécie, e suas especificidades ecológicas, infere-se que a redução de seu hábitat seja equivalente à redução da população (maior que 30%), sendo que as causas não cessaram. |
Não é conhecida nenhuma ação para a conservação da espécie. |
Área de Proteção Ambiental de Upaon-Açu / Miritiba / Alto Preguiças e Área de Proteção Ambiental de Algodoal-Maiandeua. |
Desenvolver um programa de proteção de florestas semi-abertas e florestas secundárias na parte leste da Amazônia, ambientes pouco valorizados em programas de conservação. |
AVILA-PIRES, T. C. S. Lizards of Brazilian Amazonia (Reptilia: Squamata). Zoologische Verhandelingen (Leiden), v. 299, p. 1-706, 1995. CUNHA, O. R. D. Lacertilia of Amazonia 7. Lizards of the Northern part of the federal territory of Roraima, Brazil (Lacertidia: Gekkonidae, Iguanidae, Scincidae and Teiidae). Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi. Nova Serie Zoologia, n. 107, p. 1-25, 1981. NOGUEIRA, C.; RODRIGUES, M. T. The genus Stenocercus (Squamata: Tropiduridae) in extra-amazonian Brazil, with the description of two new species. South American Journal of Herpetology, v. 1, n. 3, p. 149-165, 2006. PRUDENTE, A.L. et al. Herpetofauna. In: ALBERNAZ, A.L.M; AVILA-PIRES, T.C.S. Espécies ameaçadas de extinção e Áreas críticas para a Biodiversidade no Pará. Governo do Brasil, 60p, 2009. RUZ. A morfologia de Stenocercus dumerilii Steindachner (1867) (Squamata,Iguanidae) e suas implicações filogenéticas. Programa de Pós-graduação em Zoologia, Universidade Federal do Pará, Belém, Pará. 2004. TORRES-CARVAJAL, O. A new species of Stenocercus (Squamata, Iguania) from central-western Brazil with a key to Brazilian Stenocercus. Phyllomedusa, v. 4, n. 2, p. 123-132, December 2005. TORRES-CARVAJAL, O. A taxonomic revision of South American Stenocercus (Squamata: iguania) lizards. Herpetological Monographs, v. 21, n. 1, p. 76-178, 2007. UETZ, P.. Stenocercus dumerilii. Reptile Databese. http://reptile-database.reptarium.cz/species?genus= Stenocercus &species=dumerilii. Acesso em :10/04/2013. |
I Oficina de Avaliação do Estado de Conservação dos Lagartos no Brasil Local e Data da Avaliação: Iperó - SP, no período de 7 a 11 de outubro de 2013. Facilitador(es): Marina Palhares de Almeida (COABIO/ICMBio) e Yeda Soares de Lucena Bataus (RAN/ICMBio) Avaliadores: Adriano Lima Silveira (MN/UFRJ), Cristiano de Campos Nogueira (MZUSP), Diva Maria Borges-Nojosa (UFC), Gabriel Corrêa Costa (UFRGN), Geraldo Jorge Barbosa de Moura (UFRPE), Gisele Regina Winck (UERJ), Guarino Rinaldi Colli (UnB), Juliana Rodrigues dos Santos Silva (FEMPTEC/RAN/ICMBio), Laura Verrastro Vinas (UFRGS), Marco Antônio Ribeiro Júnior (MPEG), Marinus Steven Hoogmoed (MPEG), Moacir Santos Tinoco (UCSAL), Patrícia Almeida dos Santos (UERJ), Rafael Martins Valadão (RAN/ICMBio), Roberto Baptista de Oliveira (PUCRS), Teresa Cristina Sauer de Avila Pires (MPEG), Vanda Lúcia Ferreira (UFMS), Vanderlaine Amaral de Menezes (UERJ). Colaborador(es): Coleção Herpetológica da Universidade de Brasília (CHUNB) e Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (SISBIO/ICMBio). Apoio: Jéssica Fenker Antunes (Bolsista/RAN/ICMBio), Leonardo Gonçalves Tedeschi (UnB), Nadya Lima (Bolsista/RAN/ICMBio), Rafael Martins Valadão (RAN/ICMBio), Guarino Rinaldi Colli (UnB), Yeda Soares de Lucena Bataus (RAN/ICMBio), Juliana Rodrigues dos Santos Silva (FEMPTEC/RAN/ICMBio) e Vera Lúcia Ferreira Luz (RAN/ICMBio). |
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