Répteis - Leposoma annectans
AVALIAÇÃO DO RISCO DE EXTINÇÃO DE Leposoma annectans Ruibal, 1952, NO BRASIL
Guarino Rinaldi Colli1, Jéssica Fenker Antunes 2, Leonardo Gonçalves Tedeschi1, Yeda Soares de Lucena Bataus3, Vívian Mara Uhlig3, Adriano Lima Silveira4, Cristiano de Campos Nogueira5, Diva Maria Borges-Nojosa6, Gabriel Corrêa Costa7, Geraldo Jorge Barbosa de Moura8, Gisele Regina Winck9, Juliana Rodrigues dos Santos Silva10, Laura Verrastro Vinas11, Marco Antônio Ribeiro Júnior12, Marinus Steven Hoogmoed12, Moacir Santos Tinoco13, Patrícia Almeida dos Santos9, Rafael Martins Valadão3, Roberto Baptista de Oliveira14, Teresa Cristina Sauer de Avila Pires12, Vanda Lúcia Ferreira15 e Vanderlaine Amaral de Menezes9. 1. Universidade de Brasília - UnB 2. Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios - Bolsista/RAN/ICMBio 3. Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios - RAN/ICMBio 4. Museu Nacional – MN/UFRJ 5. Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo - MZUSP 6. Universidade Federal do Ceará - UFC 7. Universidade Federal do Rio Grande do Norte- UFRN 8. Universidade Federal Rural de Pernambuco-UFRPE 9. Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ 10. Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios - FEMPTEC/RAN/ICMBio 11. Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 12. Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG 13. Universidade Catolica do Salvador - UCSAL 14. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS 15. Universidade Federal do Mato Grosso do Sul - UFMS |
Colli, G. R.; Fenker, J. A.;Tedeschi, L. G;Bataus, Y. S. L; Uhlig, V. M.;Lima, A. S.;Nogueira, C. C.; Borges-Nojosa, D. M.;Costa, G. C.;Moura, G. J. B.;Winck, G. R.;Silva, J. R. S.;Vinas, L. V.;Ribeiro Júnior, M. A.; Hoogmoed, M. S; Tinoco, M.S.;Santos, P. A.;Valadão, R. M.;Oliveira, R. B.; Avila-Pires, T. C. S.;Ferreira, V. L. & Menezes, V. A.. 2016. Avaliação do Risco de Extinção de Leposoma annectans Ruibal, 1952, no Brasil. Processo de avaliação do risco de extinção da fauna brasileira. ICMBio. http://www.icmbio.gov.br/portal/faunabrasileira/carga-estado-de-conservacao/8165-repteis-leposoma-annectans |
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Foto: Mauro Teixeira Júnior |
Elaboração: Leonardo Tedeschi (UnB) e Uhlig, M.V. (NGeo/RAN/ICMBio), 2013 |
Ordem: Squamata Família: Gymnophthalmidae. Nomes comuns: Desconhecidos. Sinonímias: Não há. Notas taxonômicas: Não há. Justificativa: Leposoma annectans é endêmica do Brasil. Ocorre na Mata Atlântica do estado da Bahia. Está associada a ambientes florestados, onde habita a serapilheira (habitat-específico). Sua extensão de ocorrência calculada é de 13.216,8 km2 (B1). O ambiente onde a espécie ocorre é afetado negativamente pela expansão urbana, fragmentando o hábitat e causando o isolamento das subpopulações (a). Assim como, ocasionando o declínio continuado da área onde efetivamente a espécie ocorre e sua qualidade [b(ii,iii)]. Por essas razões, Leposoma annectans foi categorizada como Vulnerável (VU), pelo critério B1ab(ii,iii). Internacional: Estaduais: |
Leposoma annectans é endêmica do Brasil. do nordeste do país, no estado da Bahia, com registros apenas em nove localidades (Coleção Herpetológica da Universidade de Brasília; Pellegrino et al., 2011; Rodrigues et al., 2013; Ruibal, 1952). Habita áreas florestadas e em meio a sistemas agroflorestais (“cabrucas”), com substituição de parte do sub-bosque por cacaueiros, mantendo o restante da vegetação original. Sua extensão de ocorrência é de 13.216,8 km2, calculado via mínimo polígono convexo a partir dos pontos de registro. |
Espécie localmente abundante, não há informações disponíveis sobre variações populacionais nesta espécie. Sabe-se apenas que machos são mais abundantes que fêmeas (Rodrigues et al., 2002b), e que alterações ambientais (temperatura do microhabitat) podem levar a modificação da proporção sexual das subpopulações, alterando a dinâmica populacional (Rodrigues, 2005). |
Leposoma annectans é restrita ao bioma Mata Atlântica, da região nordeste do país, sendo localmente abundante (Rodrigues et al., 2002a). Ocorre na serapilheira (hábita-específico) de áreas florestais, mas também, na serapilheira em plantações de cacau (Faria et al, 2007). Apesar do alto grau de perturbação do ambiente nessas plantações (cabrucas) quando comparado a áreas florestadas naturais, a serapilheira é abundante e a umidade presente parece fornecer condições adequadas à manutenção da espécie (Araújo et al., 1998). Esta espécie apresenta dimorfismo sexual, onde poros pré-anais são ausentes nas fêmeas. O número de fêmeas é surpreendentemente baixo, se comparado ao número de machos (Rodrigues et al, 2002b). Acredita-se que o sexo seja determinado pela temperatura do ambiente (Rodrigues et al, 2002b). |
Como uma espécie típica de ambiente florestado, sua conservação está diretamente associada à manutenção da estrutura física e biótica desses ambientes e da camada fértil do solo, uma vez que ocorre na serapilheira. Seus ambientes são afetados negativamente em decorrência da expansão urbana, ocasionando a perda e fragmentação do hábitat, causando o isolamento das subpopulações. O desflorestamento pode causar alterações ambientais (mudanças de temperatura do microhábitat) que podem levar à modificação da razão sexual das subpopulações, alterando consequentemente a dinâmica populacional. |
A espécie ocorre na área de abrangência do Plano de Ação Nacional para Conservação da Herpetofauna Ameaçada da Mata Atlântica Nordestina (Brasil 2013) e do Plano de Ação Nacional para a Conservação da Herpetofauna do Sudeste da Mata Atlântica, cuja aprovação está prevista para o final de 2015 (Vivian Uhlig, comunicação pessoal, 2014). |
Área de Proteção Ambiental Caminhos Ecológicos da Boa Esperança e Área de Proteção Ambiental Costa de Itacaré / Serra Grande. |
Conservar os ambientes florestados de Mata Atlântica é imprescindível para a conservação desta e de outras espécies endêmicas. Além disso, seria importante a mudança para categoria mais restritivas das unidades de conservação onde a espécie ocorre. |
ARAUJO, P. et al. A mata atlântica do sul da Bahia: situação atual, ações e perspectivas. Série Cadernos da Biosfera, Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, MAB, UNESCO. Instituto Florestal, S. Paulo. Caderno 8: 35 p, 1998. BRASIL Portaria ICMBio nº. 200 de 1° de Julho de 2013. Diário Oficial da União. Edição nº 125/2013, Seção 1, terça-feira, 02 de julho de 2013. Coleção Herpetológica da Universidade de Brasília, Departamento de Zoologia, Universidade de Brasília. Campus Darcy Ribeiro, Brasilia, Distrito Federal. PELLEGRINO, K. C. M. et al. Molecular phylogeny, biogeography and insights into the origin of parthenogenesis in the Neotropical genus Leposoma (Squamata: Gymnophthalmidae): Ancient links between the Atlantic Forest and Amazonia. Molecular Phylogenetics and Evolution, v. 61, n. 2, p. 446-459, Nov 2011. RODRIGUES, M. T.; DIXO, M.; ACCACIO, G. M. A large sample of Leposoma (Squamata, Gymnophthalmidae) from the Atlantic forests of Bahia, the status of Leposoma annectans Ruibal, 1952, and notes on conservation. Papéis Avulsos de Zoologia (São Paulo), v. 42, n. 5, p. 103-117, 2002. RODRIGUES, M. T. et al. A new species of Leposoma (Squamata, Gymnophthalmidae) from the remnant Atlantic forests of the state of Bahia, Brazil. Papéis Avulsos de Zoologia (São Paulo), v. 42, n. 14, p. 335-350, 2002. RODRIGUES, M. T.; AVILA-PIRES, T. C. S. New lizard of the genus Leposoma (Squamata, Gymnophthalmidae) from the lower Rio Negro, Amazonas, Brazil. Journal of Herpetology, v. 39, n. 4, p. 541-546, 2005. FARIA, F.E. et al. Ferns, frogs, lizards, birds and bats in forest fragments and shade cacao plantations in two contrasting landscapes in the Atlantic forest, Brazil. Biodiversity and Conservation, v.16, n.8, p. 2335-2357, 2007. RODRIGUES, M. T. et al. A new species of Leposoma (Squamata: Gymnophthalmidae) with four fingers from the Atlantic Forest central corridor in Bahia, Brazil. Zootaxa, v. 3635, n. 4, p. 459-475, 2013. RUIBAL, R. Revisionary studies of some South American Teiidae. Bulletin of the Museum of Comparative Zoology, v. 106, p. 477-529, 1952. |
I Oficina de Avaliação do Estado de Conservação dos Lagartos no Brasil Local e Data da Avaliação: Iperó - SP, no período de 7 a 11 de outubro de 2013. Facilitador(es): Marina Palhares de Almeida (COABIO/ICMBio) e Yeda Soares de Lucena Bataus (RAN/ICMBio) Avaliadores: Adriano Lima Silveira (MN/UFRJ), Cristiano de Campos Nogueira (MZUSP), Diva Maria Borges-Nojosa (UFC), Gabriel Corrêa Costa (UFRGN), Geraldo Jorge Barbosa de Moura (UFRPE), Gisele Regina Winck (UERJ), Guarino Rinaldi Colli (UnB), Juliana Rodrigues dos Santos Silva (FEMPTEC/RAN/ICMBio), Laura Verrastro Vinas (UFRGS), Marco Antônio Ribeiro Júnior (MPEG), Marinus Steven Hoogmoed (MPEG), Moacir Santos Tinoco (UCSAL), Patrícia Almeida dos Santos (UERJ), Rafael Martins Valadão (RAN/ICMBio), Roberto Baptista de Oliveira (PUCRS), Teresa Cristina Sauer de Avila Pires (MPEG), Vanda Lúcia Ferreira (UFMS), Vanderlaine Amaral de Menezes (UERJ). Colaborador(es): Coleção Herpetológica da Universidade de Brasília (CHUNB) e Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (SISBIO/ICMBio). Apoio: Jéssica Fenker Antunes (Bolsista/RAN/ICMBio), Leonardo Gonçalves Tedeschi (UnB), Nadya Lima (Bolsista/RAN/ICMBio), Rafael Martins Valadão (RAN/ICMBio), Guarino Rinaldi Colli (UnB), Yeda Soares de Lucena Bataus (RAN/ICMBio), Juliana Rodrigues dos Santos Silva (FEMPTEC/RAN/ICMBio) e Vera Lúcia Ferreira Luz (RAN/ICMBio). |
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